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31 de outubro de 2023

ESG: A sigla que promete mudar a visão das empresas

O século 21, já na sua segunda década, se assegura como um tempo de grandes mudanças, sejam elas culturais, econômicas, na visão de mundo e, consequentemente, na forma como investidores e empresas avaliam oportunidades e riscos de negócios.
Nesse “novo mundo”, repleto de mudanças de comportamentos, empresas reconhecidas pelo cuidado com o meio ambiente, por promoverem ações de impacto social e ainda por pautarem eticamente sua gestão por meio de regras claras de governança, tendem a se tornar mais atrativas a investidores e consumidores.

Tais cuidados – Ambiental, Social e de Governança – encontram-se compilados na sigla Environmental, Social and Governance (ESG, em inglês), a qual desperta cada vez mais interesse de empresários, consumidores e investidores.
O interesse dos mais diversos stakeholders no caráter ambiental, social e de governança das empresas é tamanho, que a procura pela sigla ESG no Brasil via Google cresceu aproximadamente 780% entre janeiro de 2020 e setembro de 2021.

Esse crescimento por si só demonstra a importância de as empresas estarem atentas a questões que extrapolam a busca de resultados a quaisquer custos, sendo interessante que voltem seus olhos para a real implementação de práticas ambientais, sociais e de governança.

Assim, os interesses de investidores e consumidores cada vez mais têm se voltado para verificar, a título exemplificativo:

a) Do ponto vista ambiental: a forma como as empresas gerenciam seus resíduos, controlam a emissão de poluentes, utilizam os recursos naturais, buscam reduzir a emissão de gases de efeito estufa;

b) Do ponto de vista social: como a empresa trata seus colaboradores, seu impacto na comunidade onde atua, a responsabilidade com clientes, como trata a saúde e segurança daqueles que o circundam, respeito aos direitos humanos, prezar pela diversidade entre funcionários;

c) Do ponto de vista da governança: a transparência fiscal, a gestão de riscos, práticas anticorrupção, identificação da liderança com os temas ESG, políticas de remuneração, auditoria externa e controles internos, Conselho de Administração independente e com critérios de diversidade na escolha de seus membros.
O interesse por este tema e a visão do investimento em práticas ESG, como geradoras de valor para as companhias, ficam ainda mais visíveis quando se observa os comportamentos e atitudes das gerações mais novas – Millennials e Geração Z –, as quais claramente atribuem crescente importância no investimento responsável e acreditam ser possível obter retornos competitivos, quando se incorporam fatores ESG nas decisões de investimento.
Comprovando a importância dada por tais gerações a investimentos responsáveis, pesquisa realizada pela US Trust, em 2014, demonstra que enquanto 67% de pessoas consideradas pertencentes a geração Millennials entendem ser possível expressar seus valores políticos, sociais e ambientais por meio de seus investimentos, somente 36% dos considerados Baby Boomers pensam da mesma forma.

Assim, sendo estas as gerações que futuramente se tornarão os colaboradores, investidores, consumidores e líderes destas empresas, fica ainda mais evidente que a adoção de práticas ESG nas estratégias empresariais gerará valor e maior retorno às corporações.

Dessa forma, a sigla que é moda em todo ambiente corporativo demonstra ser um novo caminho não só para que as empresas prezem pela sua imagem perante o mercado, mas como forma de se valorizarem, atraindo investidores e conseguindo capital mais barato, a fim de promoverem sua estratégia.

No Brasil, a discussão caminha a passos largos, sendo que em agosto de 2020 a S&P, juntamente com a B3, lançaram o primeiro indexador a fim de avaliar empresas com práticas ESG, reunindo no Índice de Sustentabilidade Empresarial (IS) ações de 39 companhias que têm práticas ESG, passando por Petrobrás, até empresas consideradas referências em sustentabilidade, como Renner e Natura.

Assim, a queridinha do mundo capitalista, a ESG, aponta para um novo futuro nos investimentos, sendo um presságio para o fim da busca pelo resultado a qualquer custo, fazendo com que as empresas e seu entorno busquem se atentar para vários outros fatores, que não simplesmente os indicadores financeiros e contábeis.

*Otávio Righetti Dal Bello e Luís Felipe Ramos Cirino, sócios da Righetti e Cirino Sociedade de Advogados, Carlos Roberto Occaso e Leonardo Franco Vanzela, sócios da Bisson, Bortoloti, Moreno e Occaso Sociedade de Advogados, são especialistas na Organização e Planejamento Patrimonial, Sucessório e Tributário.